Astuto, manipulador e sagaz são qualidades que poderiam ser aplicadas
a Caifás, o sumo sacerdote que presidiu dois dos julgamentos de Jesus.
Ainda que não fosse pelos relatos bíblicos, só o fato dos romanos
o deixarem permanecer no cargo por mais tanto tempo (18 anos) já mostra que
ele era um manipulador astucioso.
Mas é nas Escrituras que vemos sua habilidade em se manter no poder
político. Após a ressurreição de Lázaro, ele tramou friamente a morte de
Jesus. Ele tentou tranqüilizar a consciência de qualquer membro do Sinédrio
que talvez não tivesse coragem de acusar a Jesus. Ele fez isso atribuindo
motivos elevados a este ato perverso: "Convém que morra um só homem
pelo povo e que não venha a perecer toda a nação" (João 11:50).
Quando ele, com a ajuda de Judas, conseguiu prender o Salvador, o
propósito de cada passo seu foi para ver Jesus morto o mais rápido possível,
sem nenhuma consideração para com a justiça ou a lei. Depois de Jesus se
apresentar diante de Anás, sogro de Caifás e considerado por alguns judeus o
verdadeiro sumo sacerdote, Caifás e o Sinédrio expuseram Jesus a dois
julgamentos falsos.
No primeiro julgamento, Caifás cinicamente presidiu uma demonstração
pública de perjúrios. Quando Jesus permaneceu calado sem se rebaixar ao nível
de seus acusadores, Caifás impacientemente demandou uma resposta direta à
pergunta de ser ele ou não o Filho de Deus. Ouvindo uma resposta afirmativa,
de modo hipócrita rasgou suas vestes, fingindo estar chocado, e declarou:
"Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que
ouvistes agora a blasfêmia!" (Mateus 26:65). Ele então assistiu, sem
interferir, a uma multidão profana que cuspia em Jesus e o ridicularizava.
O ódio de Caifás pelo caminho de Deus não terminou com a morte de
Jesus. Ele continuou ativo, perseguindo a Pedro e a João (Atos 4:6) e
provavelmente era o sumo sacerdote mencionado em Atos 5:17-21, 27; 7:1 e em
9:1, o qual perseguia os cristãos com todo o vigor.
Para Caifás, a vida nada mais era que lucrar e preservar o seu bocado
de poder insignificante.Mesmo com toda a sua manobra e trama, ele é uma
personalidade absolutamente insignificante na História, a não ser por tratar
infamemente Jesus e os cristãos. Sua obsessão por conservar-se no poder o
tornava frio, indiferente e incapaz de ver que o Filho de Deus estava ali no
seu meio.
A Atitude de Jesus para com Caifás
Jesus entendeu que ele e Caifás eram de dois reinos completamente
diferentes e que seria impossível tratar com Caifás em seu próprio domínio
mundano e político. Jesus não tentou organizar um protesto, incentivar um
boicote ou usar algum tipo de poder político para criar problemas para
Caifás. A missão de Jesus era convencer quem tivesse o coração aberto, não
exercer pressão política nos que tivessem o coração empedernido. Assim,
quando Jesus teve de tratar com Caifás, vemos apenas um silêncio cheio de
dignidade em face da injustiça indizível e, por fim, uma resposta simples S
"Tu o disseste" S à pergunta direta quanto a ser ele ou não
o Filho de Deus. Qualquer outra abordagem de um homem mundano, superficial e
de mente fechada teria sido inútil e degradante.
Os Caifases de Nossos Dias
Hoje em dia, os seguidores de Cristo têm às vezes de lidar com pessoas
que acham que o objetivo de vida é conseguir e preservar a influência
dominadora sobre algum "reino", que pode ser tão pequeno quanto uma
congregação ou tão grande quanto uma nação inteira.
Os Caifases na política. O
mundo cada vez mais se acha sob o controle de políticos que, à semelhança de
Caifás, têm poucos princípios e cujo único objetivo é guardar o poder que
conquistaram. Para alguns, o meio de conservar o poder político é defender
(ou, pelo menos, não combater) práticas ímpias que são valorizadas por
pessoas mundanas.
Como o cristão deve reagir diante desses políticos sem princípios?
Muitos põem a confiança em boicotes, abaixo-assinados e chantagem política.
Embora essas táticas possam nem sempre ser erradas, são realmente as táticas
de Jesus?
Lembre-se: a missão de Cristo é transformar o coração dos que podem se
abrir para a verdade, não forçar os duros de coração a fazer o que não
querem. Não devemos nós, como cristãos, seguir o exemplo de Cristo quanto a
isso?
Os Caifases na igreja.
Infelizmente, o impulso do espírito de Caifás para ampliar e manter os
"campos de influência" não é desconhecido entre o povo de Deus. Às
vezes parece que alguns irmãos descartam todo senso de "jogar
limpo", de dignidade e de amor na tentativa de ganhar batalhas e
adquirir influência. Alguns, como Caifás, tentam atribuir motivos nobres a
suas manobras astuciosas.
De que modo devemos lidar com esses Caifases modernos? Podemos ser
tentados a nos rebaixar ao nível deles e "jogar com o mesmo trunfo"
ou "mostrar a eles o que eles merecem". No entanto, quando está
claro que alguns ficaram completamente insensíveis aos conceitos de justiça e
de retidão, a melhor forma de lidar com eles muitas vezes será da forma em
que o Senhor lidou com Caifás S com silêncio e dignidade. Eles pertencem a
outro mundo, um mundo em que a grandeza é determinada não pela humildade e
por servir, como Jesus ensinou, mas pela aquisição de um tipo quase político
de influenciar as outras pessoas. Revidar indignadamente contra seus abusos
pode ser tanto degradante, como inútil.
Que Deus nos ajude a imitar o seu Filho no trato com esses Caifases
que infelizmente sempre estarão presentes ao longo da nossa viagem em direção
ao céu.
Por Gardner Hall
Fonte: Estudos da Bíblia
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quarta-feira, 18 de abril de 2012
Caifás
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