O verdadeiro
caráter de um homem se revela quando ardem ao seu redor as chamas da
adversidade. Assim ocorreu com Pilatos. No término do ministério de Jesus,
Pilatos desempenhava um papel-chave na crucificação do Filho de Deus. Pilatos
fez o que era errado por causa da influência da multidão turbulenta.
Pilatos
queria agir corretamente. Ele queria libertar Jesus. Diante dos acusadores de
Jesus, Pilatos declarou sua convicção: "Não vejo neste homem crime
algum" (Lucas 23:4). Pilatos tentou não menos de três vezes persuadir
os judeus a libertar Jesus (Lucas 23:13-22). A princípio, ele sugeriu castigar
Jesus e em seguida libertá-lo (Lucas 23:16). Depois ele lhes falou mais uma
vez, desejando soltar Jesus (Lucas 23:20). Por fim, ele os desafiou pela
terceira vez em resposta à exigência deles de que Jesus fosse crucificado.
"Que mal fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à
morte" (Lucas 23:22).
Não
se trata de um equívoco por parte de Pilatos. O texto é claro: "Porque sabia
que, por inveja, o tinham entregado" (Mateus 27:18). A esposa dele
tocou mais ainda a sua consciência. Sentado na tribuna para julgar o caso,
recebeu da esposa um recado. "Não te envolvas com esse justo; porque
hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito" (Mateus 27:19). Quantas
vezes, pela graça de Deus, a consciência do homem é incentivada a agir
justamente?
Às
vezes temos a tendência de pensar que basta "saber o que é certo" ou
"querer fazer o que é certo". Muitas pessoas amenizam a consciência
turbulenta por meio de um estudo detalhado da Palavra e uma aceitação
intelectual posterior para com a verdade, que é correta. Também muitas pessoas
acham muito conforto em estar favoravelmente inclinadas a tudo o que consiste
em bom comportamento. No entanto, o Senhor não estava à procura de pessoas que
fossem apenas "simpatizantes da causa". Jesus queria discípulos que
carregassem a cruz.
Pilatos
fracassou como líder. Em vez de levar o povo a tomar a decisão certa em relação
a Jesus, o povo é que o levou a tomar a decisão errada.
O
jogo de passar o bastão começou no Éden, quando Adão tentou passar
adiante a responsabilidade de seu pecado, acusando a esposa e envolvendo Deus
na história (Gênesis 3:12). Pilatos, em vez de enfrentar corajosamente o
desafio apresentado a ele logo que surgiu, fez uso de um oportuno pormenor
jurídico. Aquele Jesus era galileu, e Herodes estava na cidade. Pilatos sem
hesitar mandou Jesus para Herodes, na esperança, sem dúvida, de evitar qualquer
prejuízo a si mesmo naquela questão.
Quando
Herodes mandou Jesus de volta, Pilatos mostrou então a fraqueza de seu caráter
ao recusar-se a declarar a sentença, baseada na própria convicção de que Jesus
deveria ser liberto. Obviamente, várias pessoas queriam Jesus morto. Estavam
dispostas a fazer muita arruaça e estavam prontas para arruinar a carreira
política de Pilatos (João 19:12) se ele não quisesse cooperar com elas.
Nessa
altura, o verdadeiro caráter de Pilatos começou a ser mostrado. Pilatos estava
disposto a agir corretamente S desde que não lhe fosse custoso. Se os judeus
concordassem, Pilatos estava perfeitamente inclinado a agir corretamente com
Jesus. Mesmo que os judeus discordassem, mas deixassem o assunto por conta
dele, Pilatos ia querer agir de forma justa. Mas, se fazer o correto
significaria que os judeus iriam prejudicar Pilatos profissional ou
politicamente, então Pilatos não estava mais disposto a fazer o que era certo.
Pilatos fez o que acreditava ser o mais vantajoso para a sua carreira política.
De
qualquer modo, não era difícil de perceber o que estava para acontecer. Pilatos
começou cedo a evidenciar certas falhas de caráter. Pouco a pouco, ele começou
a negociar algum tipo de compromisso. "Só me deixem espancá-lo e depois eu
o solto." Por que concordar com o espancamento? Ele sabia que Jesus era
inocente. Estava convencido da retidão de Jesus e da inveja dos judeus. Pilatos
já estava sugerindo um meio-termo na sua trama sinistra. Aprendeu aqui uma
lição. Os pequenos passos de transigência em direção ao pecado são seguidos por
saltos gigantescos em direção à impiedade. O juiz disposto a prejudicar um
inocente pode ser levado a cometer todo tipo de injustiça. Pilatos já havia
mostrado a sua disposição de fazer o mal. Os judeus só precisavam convencê-lo a
fazer o mal que eles queriam.
Pilatos
se mostrou um fracassado infeliz, mesmo sabendo o que era certo e ainda que
tivesse sido incentivado pela esposa a agir dessa forma. Que dizer do vizinho
que estuda a Bíblia com você e aprende a verdade S mas se recusa a deixar a
vida mundana que leva? E o marido que freqüentou os cultos na igreja com a
esposa durante anos e foi incentivado por ela e pelos filhos a se converter S
mas se recusa a ser batizado porque os pais dele não entenderiam? E o cristão
que descuidadosamente se envolve de novo no pecado e foi encorajado por vários
irmãos a se arrepender S mas se recusa por causa da dificuldade que é para ele
essa mudança? E o cristão que sabe o que é certo, mas está mais preocupado com
o que é politicamente correto do que com o que é genuinamente correto? Esse é o
caminho de Pilatos.
Pilatos
tomou a decisão politicamente correta. Com a consciência carregada com o peso
do pecado, ele lavou as mãos na presença dos judeus, fingindo não ser
responsável pelo que se passava ali. Sua carreira política estava preservada,
sua reputação com o povo se manteve em alta. Ele era o herói por um momento.
Mas vendeu a alma para sempre.
-por
David Thomley
Fonte:Estudos da Bíblia
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